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Prevenção e Tratamento

 

 

Prevenção

       Diminuir a concentração de arsénio na água para consumo

  Nas comunidades mais afetadas, garantir o acesso a uma fonte de água segura para consumo, preparação de alimentos e irrigação de campos de cultivo. Pode ser feito através da substituição de fontes ricas de arsénio (água subterrânea) por fontes pobres, mas mais seguras microbiologicamente, como a água da chuva e água tratada à superfície. Deste modo, estas últimas podem ser usadas para consumir, cozinhar e regar, enquanto a água das fontes ricas pode ser usada para banhos e lavagem de roupas. Também se pode misturar água rica e água pobre em arsénio para atingir níveis aceitáveis deste composto e pode mesmo haver a instalação de sistemas de remoção de arsénio, os quais são cada vez mais eficazes e baratos [24].

       Educar a população

   A educação da população é um fator importante no sucesso de medidas preventivas. Os membros da comunidade precisam de conhecer os riscos associados à exposição ao arsénio, bem como as principais formas de contacto com o tóxico, incluindo a sua presença em campos de cultivo, devido às águas de irrigação, e em alimentos, devido à contaminação da água utilizada na sua confeção [24].

           Simples precauções a tomar:

- Lavar as mãos e a cara e antes de comer, e também as das crianças, depois de brincarem no exterior;  

- Evitar a queima de madeira tratada com arsénio;

- Usar filtros de água para limitar a quantidade de arsénio na água de consumo;

- Lavar as frutas e vegetais cuidadosamente;

- Proteger-se adequadamente, usando luvas, fato e máscara, durante a aplicação de herbicidas e outras tarefas que envolvam o contacto com solos e águas contaminados [24]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

    Em termos de ações a longo prazo, é necessário haver a diminuição da exposição ocupacional, em processos industriais, bem como a monitorização da intoxicação por arsénio em populações de alto risco [24].

 

Tratamento

 

      Em casos de exposição aguda a dose elevada, a remoção de arsénio do trato gastrointestinal pode ser feita por lavagem gástrica, intubação do estômago, indução do vómito ou utilizando catárticos (soluções salinas, sorbitol), dentro de algumas horas após o contacto. Contudo, a eficácia destas medidas é questionada por alguns autores e por vezes a sua aplicação é contraindicada já que, por exemplo, os vómitos e diarreia ocorrem logo após a ingestão de arsénio não sendo necessário administrar um emético. Além disso, o vómito não deve ser induzido em indivíduos em coma ou a ter convulsões e os catárticos salinos devem ser usados com precaução em situações de insuficiência renal [11].

      Uma outra abordagem possível para minimizar a absorção após a exposição oral consiste na administração de substâncias que se liguem a arsénio no trato gastrointestinal e favoreçam a destoxificação por via renal - quelatoterapia. A administração de quelantes restringe a distribuição do arsénio no corpo, mas a decisão de se recorrer a um quelante deverá ser tomada por parte de um profissional. Pessoas com história de exposição a arsénio, apresentando sintomas gastrointestinais e/ou cardiovasculares, podem necessitar de quelatação antes de haver confirmação laboratorial. À medida que o tempo passa desde a exposição, a quelatoterapia torna-se menos eficaz na redução da severidade da intoxicação e na diminuição dos riscos de efeitos tardios. A quelatoterapia deve ser continuada até que o níveis de arsénio na urina de 24 horas estejam abaixo de 50 µg/L [25].

     O primeiro quelante a ser usado, e ainda hoje empregue, é o 2,3-dimercaptopropanol, também conhecido como dimercaprol ou BAL (British Anti-Lewisite). Este fármaco está contraindicado em pessoas com doença renal pré-existente e em grávidas (exceto se houver risco de morte) [25]. O ácido dimercaptosuccínico (DMSA) e o dimercaptopropano sulfonato (DMPS) são análogos do BAL com melhor índice terapêutico e evitam que o arsénio atinja o cérebro, oferendo vantagens na clínica [27]

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

      O tratamento combinado com dadores de metilo ou antioxidantes (ácido fólico, vitamina B12, metionina, N-acetilcisteína, entre outros) pode atenuar os efeitos adversos. De facto, os dadores de grupos metilo são úteis porque a metilação do arsénio inorgânico a  MMA(V) e DMA(V) facilita a sua clearance do organismo. Quanto aos antioxidantes, estes combatem o stress oxidativo, principal mecanismo de toxicidade induzido pelo arsénio [11].

      Outras medidas: Após exposição dérmica ou ocular ao arsénio, todas as roupas contaminadas devem ser removidas e as áreas que estiveram em contacto com o tóxico devem se imediatamente lavadas com água abundante [11].

Figura 13: Instalação de uma tampa de um poço doméstico selado e instrumentos para monitorização dos níveis de água e parâmetros fisioquímicos [26].

2,3-dimercaptopropanol

Ácido dimercaptosuccínico

Dimercaptopropano sulfonato

Referências

[11] Toxicological Profile For Arsenic. U.S. Department Of Health And Human Services. Public Health Service Agency for Toxic Substances and Disease Registry (August 2007). Disponível em: http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/tp2.pdf

[24] Arsenic, World Health Organization. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs372/en/

[25] Medical Management Guidelines for Arsenic (As) and Inorganic Arsenic Compounds. Disponível em: http://www.atsdr.cdc.gov/mmg/mmg.asp?id=1424&tid=3

[26] https://www2.usgs.gov/envirohealth/headlines/2015-08-11-understanding_arsenic.html

[27] Kosnett, Michael J. "The role of chelation in the treatment of arsenic and mercury poisoning." Journal of Medical Toxicology 9.4 (2013): 347-354.

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