top of page

Toxicocinética

 

    ABSORÇÃO

    As(III), As(V), MMA e DMA são bem absorvidos pelas vias oral (> 75%) e inalatória; a absorção pela via dérmica, apesar de não estar bem caracterizada, é baixa comparada com as outras. Estes compostos são absorvidos, pelo que se tem observado em estudos com humanos e ratinhos, por difusão passiva [11]

   Compostos orgânicos encontrados em alimentos de origem marinha são mal absorvidos. Verifica-se também que a absorção gastrintestinal de espécies muito insolúveis, como o As2Se3, é muito menor [11].

     Não existem dados que mostrem que a absorção a nível intestinal seja diferente entre crianças e adultos [11].

    DISTRIBUIÇÃO

     Exposição oral

      Arsénio inorgânico: O arsénio e os seus metabolitos distribuem-se por todos os órgãos sem preferência, não havendo tendência para acumulação num determinado  órgão em particular. O arsénio passa facilmente através da placenta e é também encontrado no leite materno; quanto ao arsénio orgânico ainda não foram realizados estudos em humanos [11]

   Quanto ao arsénio orgânico não existem estudos realizados em humanos [11].

    Exposição por via inalatória

     Não existem estudos realizados em humanos e animais que avaliem a distribuição do arsénio após exposição por inalação, mas tudo indica que será semelhante à exposição oral (observado após administração intratraqueal de arsénio orgânico e inorgânico em ratinhos) [11].

    METABOLISMO

   Após absorção, os arsenatos são parcialmente reduzidos a arsenitos, originando uma mistura de As(III) e As(V) no sangue, estando grande parte do arsénio ligado aos eritrócitos. O As(III) sofre metilação principalmente no fígado para formar MMA (ácido monometilarsónico) e DMA (ácido dimetilarsínico), sendo que a velocidade e proporção relativa da metilação varia entre espécies. A metilação do arsénio inorgânico corresponde ao passo reacional principal do conjunto de reações metabólicas que ocorrem no organismo. Esta biotransformação parece acontecer de forma similar quer a exposição se dê por via oral, quer por via inalatória ou parenteral [11].

   Apesar de a metilação ser considerada um processo de detoxificação, os compostos metilados, especialmente o MMA(III), são considerados mais tóxicos do que o As(III) tanto in vivo como in vitro e poderá estar dependente da dose de arsénio capaz de saturar os mecanismos de metilação do organismo já que as reações são enzimáticas [11].

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

    Via alternativa de metabolismo

 

  Esta via foi proposta em 2005 e baseia-se na formação não-enzimática de complexos de glutationa com o arsenito, originando triglutationa arsénica (ATG) [11].

   No mecanismo clássico o MMA(V) converte-se em MMA(III), que é mais tóxico, enquanto que nesta via o MMA(III) é convertido em MMA(V), menos tóxico. Na presença de baixas concentrações de glutationa (1 mM), o MADG é hidrolisado para formar o MMA(III); a concentrações elevadas de glutationa (5 mM), o MADG é metilado pela AS3MT originando DMAG [11].

 

    ELIMINAÇÃO

   A maior parte do arsénio inorgânico (45-85%)  é excretado na urina, como mistura de As(III), As(V), MMA e DMA, durante 1 a 3 dias. Pequenas quantidades são excretadas nas fezes. A proporção em que estes metabolitos aparecem nas amostras biológicas reflete o tipo de exposição. O arsénio também pode ser excretado no suor e na camada de células mais externa da pele e  fica concentrado nas unhas e cabelo, devido à sua ligação a proteínas contendo grupos sulfidrilo [11,13,14].

   Na maioria das espécies, incluindo a humana, compostos de arsénio orgânico ingeridos, como MMA e DMA, sofrem metabolismo limitado e são excretados, principalmente na urina, sem sofrer qualquer tipo de alteração [11,13,14]

Figura 7: Via alternativa de metabolismo do arsénio [11]

ATG = Triglutationa arsénica

DMAG = Glutathiona dimetilarsínica

GSH = Glutationa

MADG = Glutationa monometilarsínica   

SAHC = S-adenosilhomocisteína

SAM = S-adenosilmetionina 
 

Figura 6: Biotransformação do arsénio: O arsenato (As(V)) pode ser reduzido pela glutationa reduzida (GSH), ou outros redutores, originando arsenito (As(III)) e glutationa oxidada (GSSG). O As(III) é depois convertido a ácido monometilarsónico (MMA(V)), uma reação catalisada por uma metiltransferase (AS3MT), em que a S-adenosil-metionina (SAM) doa o grupo metilo (hidrólise da SAM a S-adenosil homocisteína, SAH). Depois da redução do MMA(V) a MMA(III) pela tiorredoxina (Trx), ocorre um segundo passo de metilação, formando-se o ácido dimetilarsínico (DMA(V)) [11,12].

Referências

[11] Toxicological Profile For Arsenic. U.S. Department Of Health And Human Services. Public Health Service Agency for Toxic Substances and Disease Registry (August 2007). Disponível em: http://www.atsdr.cdc.gov/toxprofiles/tp2.pdf

[12] http://www.nap.edu/openbook/18594/xhtml/images/p_14.jpg

[13] BiologicalProperties and Health Effects of Arsenic. Disponível em: http://toxipedia.org/display/toxipedia/Biological+Properties+and+Health+Effects+of+Arsenic

[14] ToxGuideTM for Arsenic, U.S. Department of Health and Human Services. Disponível em: http://www.atsdr.cdc.gov/toxguides/toxguide-2.pdf

bottom of page